O Bezerro de Ouro nosso de cada dia
Ontem, dia 11/09, data que
marcou o ocidente, dentre os textos bíblicos propostos para reflexão nas Igrejas
Históricas era o conhecido e muito citado Capitulo 32 do livro de Êxodo. O capitulo
contém a história do Bezerro de Ouro. Um símbolo da falta de fé, idolatria e
falta de esperança. Neste último é que vamos nos concentrar a priori.
Antes de começarmos a
conversa em si, é preciso fazer um pequeno preâmbulo. Nossa relação com Deus e
com Jesus Cristo no caminho da salvação tem 3 pilares. Esperança, fé e amor. Conforme
Paulo, na sua epistola 1 Coríntios 13:13, “Assim, permanecem agora estes três:
a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.” Cada pilar desses
é essencial para que nossa (de Deus, mas a gente se dá o luxo de dizer que é
nossa) missão não fique desiquilibrada, ou em um termo menos formal, capenga. Um
tripé que tenha uma das pernas danificadas, faz com que ele perca sua funcionalidade.
Sem mais delongas, o fato
narrado em Êxodo começa quando Moisés vai até o Monte Sinai (Horeb em
hebraico), onde fica face a face com Deus. Subiu o monte, conversou com Deus,
onde ouvir seu nome/sentença, Eu sou, ou Javé, e lá ficou por muito tempo. Há
quem diga que esse bate papo teria durado 20 anos (a averiguar essa informação).
O fato é que Moisés deixou o povo sem uma referência. Logo, sua esperança foi se
desfazendo aos poucos.
Mas esperança em que? Na
promessa de Deus. A terra prometida. Deus se utiliza de Moisés para libertar seu
povo da opressão egípcia, e claro, em sua misericórdia, não deixaria o povo
cair em outra opressão. Para explicar bem: a terra prometida não era apenas um
local, um ponto geográfico, era um ideal. Esse ideal de paz e harmonia, a libertação
da fome e da miséria, da escravidão. E quando Moisés não voltava do Sinai, as
dúvidas sobre a promessa de Deus pairavam, até minar toda a esperança do povo. Então,
com sua esperança abalada, a fé em Deus, também se estremeceu. Logo, a fé se
direciona para um ídolo, um bezerro de ouro.
O bezerro de ouro como
materialização de nossa falta de esperança. Quando perdemos a esperança, nossa
fé se abala e acabamos caindo em idolatrias vazias. Isso vai de coisas
cotidianas como futebol, nossos gostos musicais, líderes que autodenominam
infalíveis e até nossa denominação religiosa.
Uma breve citação: na década
de 30, a Alemanha, desesperançada, acabou por apoiar um ser vil, que foi protagonista
de um dos episódios mais trágicos da História da Humanidade. Qualquer
semelhança com um país sul americano na atualidade é mera coincidência (ou não).
Logo, a idolatria é tudo
aquilo que nos torna cegos, com perda de nossa razoabilidade e
consequentemente, gerando ressentimento e ódio. Quando temos ódio em nossos
corações, somos incapazes de amar. E o amor é o pilar mais importante dos três,
conforme o Apóstolo Paulo.
Para entendermos um pouco
mais, me utilizarei de uma sabedoria do período Pré-Memético Adesivista Veicular.
Ou, período antes do memes de internet, onde eles estavam nos adesivos em
carros. A frase era (ou é) assim: “nasci nu, sem dentes e sem cabelo. O que
vier é lucro.” Apesar de algumas ressalvas, é necessário fazer uma
consideração: o fato de nascermos assim, é uma mostra de nossa fragilidade
diante de um mundo hostil. Logo, sentimos medo. E uma vez que estamos dominados
pelo medo, acabamos agindo de forma não muito agradável a Deus, pois acabamos machucando
outras pessoas. Já diria Mestre Yoda, “o medo leva à raiva, a raiva leva ao
ódio e o ódio leva ao sofrimento”. O que isso significa, em termos teológicos?
Que Deus sabe da nossa fragilidade e por isso perdoa. Jesus fala em perdão a
todo momento. Perdoar é amar. É ir além de nossos egos e compreender nosso semelhante.
Mas o que fazer diante de
tudo isso? Precisamos então descer do Monte e intervir na realidade. Além da
denúncia das iniquidades, temos que combate-las. Assim como Deus ordenou a
Moisés: “Então o Senhor disse a Moisés: Desça, porque o seu povo, que
você tirou do Egito, corrompeu-se.” (Êxodo 32:7). Devemos sair dos nossos
montes meramente contemplativos e irmos de encontro, na missão que o Cristo nos
chama. É acolher o nosso semelhante, independente de cor, raça, credo ou sexualidade,
para que este tenha esperança novamente, renove sua fé e que volte a praticar o
amor, recomeçando o ciclo, agora estendendo a cada vez mais pessoas. Descer do monte é sair do templo e entender a
dor humana e com o amor de Cristo, aplacá-la. É viver a missão em sua
plenitude.
Então, desçamos dos
nossos montes contemplativos e vivamos em amor. Até a próxima.
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